O conceito recorrente do comum se elabora sobre a ideia de que em nosso mundo atual a produção da riqueza e a vida social dependem em grande medida da comunicação, da cooperação, dos afetos e da criatividade coletiva (Negri e Hardt). O comum compreenderia então os ambientes de recursos compartilhados que são gerados pela participação de muitos e que constituem o tecido produtivo essencial da metrópole contemporânea. Se fazemos esta conexão entre o comum e a produção, temos que pensar na economia política, no poder, nos rendimentos e nos conflitos.
No entanto, devido a nossa tradição de separação entre o privado e o público, da propriedade e do individualismo, a propriedade coletiva é todavia difícil de se ver para nossos olhos do final do século XX. Propomos, portanto, uma busca do comum, uma busca que tomará a forma de um processo de mapeamento.
Entendemos a cartografia segundo a proposta por Deleuze e Guattari, usada por artistas e ativistas sociais durante a última década: como uma atuação que pode se converter em uma reflexão, uma obra de arte, uma ação social.O Brasil, como América Latina toda, é um país especial nas práticas dos commons. O comum bebe de tradições ibéricas (faixanais, rossios, propiedades comunais), da cultura afro (quilombos, criação cultural coletiva, propiedades conjuntas) e indigenas (propiedade coletiva, malokas). Do mutirão ao conceito de ‘comunidade’ que substitue a palavra ‘favela’, o Brasil é uma celeiro de práticas do comum. Porém, o mercado e o capitalismo estão castigando o comum sem piedade.
Daniel Aymore Ferreira e Pamela Sarabia compartilham contribuições em relação ao mapeamento das PRAÇAS e HORTAS URBANAS:
Ana Claudia Banin compartilha contribuições em relação ao Buraco da Minhoca e Casa Amarela:
Mobilidade Urbana também está no Mapeando o Comum em São Paulo:
O Pixo ou Pixação está no Mapeando Comum Em São Paulo:
Resíduos e o Reaproveitamento e a Reciclagem também presentes no Mapeando o Comum em Sâo Paulo:
Depois das edições no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, o projeto / processo ‘Mapeando o Comum’ chega em São Paulo. São Paulo, a maior megalópole da América do Sul, é objeto deste projeto de mapeamento, que antes do Brasil, já foi desenvolvido em Atenas (Grécia) e Istambul (Turquia). Poucas cidades do mundo tem castigado tanto o comum como São Paulo. O espaço público foi durante décadas um paisagem de trânsitos, de fluxos. De fato, São Paulo é considerada, junto à Los Ángeles y Johanesburg, o exemplo perfeito das cidades NIGBY (Not In My Back Yard, “Não no meu quintal”). Uma cidade baseada no shopping center, no carro e nos condomínios fechados. Uma cidade, aliás, como aponta o livro ‘Imaginários urbanos’ de Armando Silva, que mergulhou por décadas no sonho da maior cidade do mundo, da cidade de crescimento imparável.
Porém, nos últimos anos, algumas mudanças importantes estão transformando a cidade. A publicidade – os out doors do neoliberalismo selvagem – foram proibidos no ano 2006. Encontramos novas experiências de produção cultural coletiva (saraus da zona sul), na gestão comum de espaços (hortos comunitários, parque da Nascente, Parque Augusta) ou nas mais de quarenta ocupações urbanas. Além, depois da recente e viva onda de protestos, a cidade entrou na onda das cidades rebeldes das que fala David Harvey. Os protestos, as intervenções urbanas, diferentes tipos de assembleias populares, apontam para a mobilidade urbana como um bem comum e reivindicam com força o direito à cidade. Apontam para um novo espaço comum, para uma nova interfaz participativa de convivência e gestão dos bens comuns, para um direito à cidade poscapitalista. O imaginário urbano de São Paulo, a urbe onde nasceu a tese da antropofagia social do Brasil, está mudando: tem mais a ver com bairros conectados, resilientes, tecidos ao redor do comum.
LEGENDA DE ICONES (EM CONSTRUÇAO):
LEGENDA DE ICONES (EM CONSTRUÇAO):
ICONE | SIGNIFICADO |
Mobilidad – cicloativismo | |
Pixo | |
Morar – ocupacoes | |
Commons digitais – hacklabs | |
Parques – parques | |
Agua |