#FLIP2020 #ElisabethBishop #Literatura #Letras #Livros #Arte #Cultura #FernandaDiamant #NorthSouth #Jornalismo #Reportagem #Notícias #Política #Golpede64 #Democracia #DitaduraMilitar #Brasil #Eleições2020 #Eleições #Diplomacia -A Curadora da Festa Literária Internacional de Paraty, Fernanda Diamant, viúva de Otávio Frias Filho, publisher do jornal Folha de São Paulo, escolheu a escritora norte americana Elisabeth Bishop como homenageada para a edição de 2020.Se mantida a escolha, recebida com muitas críticas pelo fato da escritora ser estrangeira e por ter feito declarações em defesa do golpe de 1964 que inaugurou a ditadura militar no Brasil, será a primeira vez que a FLIP distinguirá um autor que não nasceu no Brasil. Elisabeth Bishop nasceu nos EUA em 1911.Publicou seu primeiro livro de poesia North & South em 1936. Em 1946, este mesmo livro, adicionado de pequenos textos, arrebataria o Prêmio Pulitzer de Poesia.Bishop publicou 7 coletâneas de poesias em vida. Outros 4 tomos foram lançados de forma póstuma.Elisabeth visitou o Brasil em 1951. Conheceu a arquiteta e urbanista Lota Macedo Soares por quem se apaixonou e a que fez com Elisabeth Bishop mudasse seus planos e fixasse residência na cidade do Rio de Janeiro até 1965, quando retornou aos EUA, após o fim do relacionamento. Em 3 de abril de 1964, em carta ao escritor Robert Lowell, Bishop, em referência ao golpe militar que encerrou a democracia brasileira por 21 anos, diz que " foi uma revolução rápida e bonita". E Continua, em outra carta ao mesmo Lowell "a suspensão dos direitos, a cassação de boa parte do Congresso, tinha de ser feita, por mais sinistro que pareça." Elisabeth Bishop criticava também os ativistas progressistas do Brasil que defendiam a democracia contra a ditadura militar classificando-os como jovens mimados.Elisabeth Bishop voltou ao Brasil em 1969, com passagem por Ouro Preto, Minas Gerais.Elisabeth Bishop morreu aos 68 anos, em 1979, vítima de aneurisma cerebral agravado pelo seu famigerado alcoolismo. A FLIP começou em 2003 e homenageou os seguintes autores e autoras: Vinicíus de Moraes(2003);João Guimarães Rosa(2004);Clarice Lispector(2005);Jorge Amado(2006);Nelson Rodrigues(2007);Machado de Assis(2008); Manuel Bandeira(2009);Gilberto Freyre(2010);Oswald de Andrade(2011);Carlos Drummond de Andrade(2012); Graciliano Ramos(2013); Millôr Fernandes(2014); Mário de Andrade(2015);Ana Cristina Cesar(2016);Lima Barreto(2017);Hilda Hilst(2018); Euclides da Cunha(2019); Apenas 3 mulheres homenageadas, todas brancas. Apenas dois negros: Machado de Assis e Lima Barreto. Outros apoiadores do golpe de 64, Guimarães Rosa e Manuel Bandeira.Entre 2014 e 2019, todos os homenageados eram publicados pela maior editora brasileira, a Companhia das Letras. Interpelada por enxurrada de críticas nas redes sociais, a curadora Fernanda Diamant defendeu a escolha de Elisabeth Bishop com o argumento de que a escritora norte americana traduziu muitos autores modernistas brasileiros para a língua inglesa, foi uma mulher homossexual muito corajosa em período histórico muito conservador, como os tempos atuais e além disso, Fernanda disse que possui muita afinidade intelectual com Bishop,o que seria fundamental para uma escolha curatorial.

A Curadora da Festa Literária Internacional de Paraty, Fernanda Diamant, viúva de Otávio Frias Filho, publisher do jornal Folha de São Paulo, escolheu a escritora norte americana Elisabeth Bishop como homenageada para a edição de 2020.Se mantida a escolha, recebida com muitas críticas pelo fato da escritora ser estrangeira e por ter feito declarações em defesa do golpe de 1964 que inaugurou a ditadura militar no Brasil, será a primeira vez que a FLIP distinguirá um autor que não nasceu no Brasil.


foto:Reprodução Internet




Elisabeth Bishop nasceu nos EUA em 1911.Publicou seu primeiro livro de poesia North & South em  1936. 




Em 1946, este mesmo livro, adicionado de pequenos textos, arrebataria o Prêmio Pulitzer de Poesia.Bishop publicou 7 coletâneas de poesias em vida. Outros 4 tomos foram lançados de forma póstuma.




fotos:Reprodução Internet

Elisabeth visitou o Brasil em 1951. Conheceu a arquiteta e urbanista Lota Macedo Soares por quem se apaixonou e a que fez com Elisabeth Bishop mudasse seus planos e fixasse residência na cidade do Rio de Janeiro até 1965, quando retornou aos EUA, após o fim do relacionamento. 



fotos:Reprodução Internet



Em 3 de abril de 1964, em carta ao escritor Robert Lowell, Bishop, em referência ao golpe militar que encerrou a democracia brasileira por 21 anos, diz que " foi uma revolução rápida e bonita". E Continua, em outra carta ao mesmo Lowell "a suspensão dos direitos, a cassação de boa parte do Congresso, tinha de ser feita, por mais sinistro que pareça." Elisabeth Bishop criticava também os ativistas progressistas do Brasil que defendiam a democracia contra a ditadura militar classificando-os como jovens mimados.
Elisabeth Bishop voltou ao Brasil em 1969, com passagem por Ouro Preto, Minas Gerais.

fotos:Reprodução Internet


Bishop namoraria ainda Alice Methfessel, 32 anos mais nova, até sua morte,aos 68 anos, em 1979, vítima de aneurisma cerebral agravado pelo seu famigerado alcoolismo.



A FLIP começou em 2003 e homenageou os seguintes autores e autoras:

Vinicíus de Moraes(2003);
João Guimarães Rosa(2004);
Clarice Lispector(2005);
Jorge Amado(2006);
Nelson Rodrigues(2007);
Machado de Assis(2008);
Manuel Bandeira(2009);
Gilberto Freyre(2010);
Oswald de Andrade(2011);
Carlos Drummond de Andrade(2012);
Graciliano Ramos(2013);
Millôr Fernandes(2014);
Mário de Andrade(2015);
Ana Cristina Cesar(2016);
Lima Barreto(2017);
Hilda Hilst(2018);
Euclides da Cunha(2019);

Apenas 3 mulheres homenageadas, todas brancas. Apenas dois negros: Machado de Assis e Lima Barreto. Outros apoiadores do golpe de 64, Guimarães Rosa e Manuel Bandeira.Entre 2014 e 2019, todos os homenageados eram publicados pela maior editora brasileira, a Companhia das Letras.

fotos:Reprodução Internet


Interpelada por enxurrada de críticas nas redes sociais, a curadora Fernanda Diamant defendeu a escolha de Elisabeth Bishop com o argumento de que a escritora norte americana traduziu muitos autores modernistas brasileiros para a língua inglesa, foi uma mulher homossexual muito corajosa em período histórico muito conservador, como os tempos atuais e além disso, Fernanda disse que possui muita afinidade intelectual com Bishop, o que seria fundamental para uma escolha curatorial correta.

One art – Elizabeth Bishop
The art of losing isn’t hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn’t hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother’s watch. And look! my last,
or next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn’t hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn’t a disaster.
Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan’t have lied. It’s evident
the art of losing’s not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.



A ARTE DE PERDER


A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.

Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.

Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

- Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.

Elisabeth Bishop
(tradução de Paulo Henriques Britto)
PINK DOG 

The sun is blazing and the sky is blue.
Umbrellas clothe the beach in every hue. 
Naked, you trot across the avenue. 
Oh, never have I seen a dog so bare! 
Naked and pink, without a single hair... 
Startled, the passersby draw back and stare

In the cafés and on the sidewalk corners 
the joke is going round that all the beggars 
who can afford them now wear life preservers

Carnival is always wonderful!
 A depilated dog would not look well. Dress up!
 Dress up and dance at Carnival!

The sun is blazing and the sky is blue. 
Umbrellas clothe the beach in every hue. 
Naked, you trot across the avenue. 
Oh, never have I seen a dog so bare!
 Naked and pink, without a single hair... 
Startled, the passersby draw back and stare. 

In the cafés and on the sidewalk corners
 the joke is going round that all the beggars
 who can afford them now wear life preservers.

Carnival is always wonderful! 
A depilated dog would not look well.
 Dress up! Dress up and dance at Carnival!


Elisabeth Bishop

Cadela Cor de Rosa

O sol hoje esturrica e o céu, azul. 
Os guarda-sois escondem toda areia. 
Tu, desnuda, trotas pela avenida. 
Ah, nunca vi cadela mas despida.
 Nua e cor de rosa, sem um pêlo… 
Saltam atrás o chocados banhistas. 

Nos bares e pelas esquinas contam esta piada:
 os mendigos mais ricos economizam para seu salva-vidas.

O carnaval é sempre maravilhoso! 
Uma cadela depilada não combina. 
Veste-te! Veste-te e pula o carnaval!

Sol forte, céu azul. O Rio sua. 
Praia apinhada de barracas. 
Nua, passo apressado, você cruza a rua. 
Nunca vi um cão tão nu, tão sem nada, sem pêlo, pele tão avermelhada... 
Quem a vê até troca de calçada.

A piada mais contada hoje em dia 
é que os mendigos, em vez de comida, 
andam comprando bóias salva-vidas. 

O Carnaval está cada vez melhor! 
Agora, um cão pelado é mesmo um horror... 
Vamos, se fantasie! 
A-lá-lá-ô...!

 Elisabeth Bishop

traduação Horácio Costa (1990)