Órfão aos quinze anos, após a morte do seu pai (sua mãe morreu quando ainda tinha 9 anos), George Orson Welles começou a estudar pintura em1931, primeira arte em que se envolveu. Adolescente, não via interesse nos estudos e em pouco tempo passou a atuar. Tal paixão o levou a criar sua própria companhia de teatro em 1937. Em 1938, Orson Welles produziu uma transmissão radiofônica intitulada A Guerra dos Mundos, adaptação da obra homônima de Herbert George Wells e que ficou famosa mundialmente por provocar pânico nos ouvintes, que imaginavam estar enfrentando uma invasão de extraterrestres. Um Exército que ninguém via, mas que, de acordo com a dramatização radiofónica, em tom jornalístico, acabara de desembarcar no nosso planeta. O sucesso da transmissão foi tão grande que no dia seguinte todos queriam saber quem era o responsável pela tal "pegadinha". A fama do jovem Welles começava.
foto: Encenação de Orson Welles em "A Guerra dos Mundos". em 1938/Divulgação
Orson Welles pede desculpas pela encenação de "A Guerra dos Mundos" em 1938.
foto: Orson Welles em Hollywood em 1938/National Film Preservation/Eastman/AP
Welles se casou três vezes e teve um filho com cada mulher. Sua primeira esposa foi Virgínia Nicholson, de 1934 até 1940.
Três anos mais tarde se casou com a diva Rita Hayworth. Eles se divorciaram em 1948. Filmaram juntos "A Dama de Xangai" (1947).
foto: Orson Welles e Rita Hayworth em 1946/vogue.it
foto: Orson Welles brinca com sua então esposa a atriz Rita Hayworth e sua filha Chris Welles/www.telegraph.uk
foto: Orson Welles, sua esposa, a atriz, Rita Hayworth e a filha recém nascido do casal, Rebeca Welles/life.time.com
Em 1955 se casou com Paula Mori, união que durou até sua morte, apesar de não o ter impedido de manter um relacionamento de 19 anos com a atriz croata Oja Kodar.
Sua estreia no cinema, em filmes de longa metragem, ocorreu em 1941 com Citizen Kane (Em Portugal, "O Mundo a seus Pés"; no Brasil, "Cidadão Kane"), considerado pela crítica como um dos melhores filmes de todos os tempos e o mais importante dirigido por Welles.
foto: Cena do filme "Cidadão Kane" de 1941/Divulgação
foto: Orson Welles desembarca de táxi para a pré-estréia de Cidadão Kane em Nova Yorquee, 1941/CineArchive.org
foto: Orson Welles desembarca de táxi para a pré-estréia de Cidadão Kane em Nova Yorquee, 1941/CineArchive.org
Os elogios a Citizen Kane foram originados por três motivos:
Inovação
Welles inovou a estética do cinema com técnicas até então raríssimas nas produções cinematográficas. Algumas delas são:
- Ângulos de câmera (uso de plongée e contra-plongée).
- Exploração do campo (campo e contra-campo).
- Narrativa (narrativa não linear).
- Edição/Montagem (muito sofisticada para e época de sua realização, devido a não linearidade da narrativa).
Coragem
Orson Welles retratou em "Citizen Kane" a vida e a decadência de um magnata da comunicação norte-americana, baseado na história do milionário William Randolph Hearst. Esse filme foi um marco na carreira do ator. Mesmo estando pronto, "Cidadão Kane" quase não saiu, fruto de problemas com Hearst. Ele teve nove indicações para o Oscar, mas venceu apenas um, o de melhor roteiro original. Sua coragem de realizar esta obra prima acabou resultando no fechamento de muitas portas no futuro, beirando ao ostracismo no fim da vida.
Dinamismo
Foi diretor, co-roteirista, produtor e ator em "Citizen Kane". O que é surpreendente, pois no cinema o acúmulo de funções acaba influenciando de maneira negativa no resultado final. Mas no caso de Welles surgiu uma obra completamente à frente do seu tempo.
Logo após "Citizen Kane", Welles passou uma temporada no Brasil, onde pretendia filmar o famoso carnaval carioca para acrescentar ao seguimento My Friend Bonito, do documentário It's All True, destinado a aproximar os Estados Unidos da América à América Latina e em especial, ao Brasil,durante a Segunda Guerra Mundial(1939-1945).
foto: Cena de gravação do Filme "É tudo verdade" em Fortaleza, Ceará/Chico Albuquerquefoto: Cena de gravação do Filme "É tudo verdade" em Fortaleza, Ceará/Chico Albuquerque
foto: gravação de cena do Filme "É tudo Verdade" no Carnaval Carioca/Chico Albuquerque
foto: chegada de Orson Welles ao aeroporto de Fortaleza, Ceará, para gravação do Filme "É tudo verdade" /Chico Albuquerque
foto: Cena de gravação do Filme "É tudo verdade" em Fortaleza, Ceará/Chico Albuquerque
foto: O presidente do Brasil Getúlio Vargas e o presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, chegam à Natal, futura base militar dos Aliados, durante II Guerra Mundial, em 28 de janeiro de 1943./Roberto Muylaert
Mas algo desastroso ocorreu. Sobre o fato, Welles comentou em entrevista ao crítico de cinema, André Bazin: "Era co-dirigido por mim e Norman Foster. Era uma história entre um pobre menino e seu touro. Depois fizeram outra versão, modificando todas as ideias e refazendo tudo ao modo deles. Eu tinha rodado durante três meses, mas a RKO (estúdio) me despediu. Quando retomaram a ideia não queriam saber mais nada de mim. Tampouco me pagaram nenhum tipo de direitos e atuaram como se fosse uma história original". Esse tipo de problema iria ser uma constante na carreira de Welles.
Em 1946, Orson Welles dirigiu e atuou em "O Estranho".
foto: Cena do Filme "O Estranho" de 1946.
Logo após o fracasso de público de A Dama de Xangai (1948) raramente conseguiria realizar um filme à sua maneira, dirigindo quase sempre em condições precárias.
foto: Cena do filme "A Dama de Xangai" 1948
Em 1948, dirigiu e atuou em Macbeth-Reinado de Sangue.
foto: Cena do Filme "Macbeth-Reinado de Sangue" ,1948/Divulgação
Em 1955, Welles atua e dirige "Arkadin".
Foto:Cena do Filme "Arkadin", de 1955.
Para se ter um exemplo, as filmagens de Dom Quixote (1959-1972) (Don Quijote de Orson Welles) duraram mais de dez anos, e mesmo assim somente o copia do filme pode ser visto (hoje já está disponível em DVD).
Tentando continuar sua carreira, ele passou as décadas seguintes aceitando papéis de ator, no qual sua presença e voz marcante, mesmo quando as participações eram pequenas, nunca passavam sem chamar atenção. Ao voltar a Hollywood depois de uma temporada na Europa, Welles atuaria como um dos co-protagonistas do premiado The Long, Hot Summer (1958), dirigiu e atuou em A Marca da Maldade, famoso por ter incluído um plano-sequência de três minutos com um desfecho impactante, e teria um de seus melhores desempenhos em cena no filme Compulsion, de 1959.
foto: Cena do Fime "A Marca da Maldade" de 1958/divulgação
Em 1962 realizou "The Trial", filme baseado na obra " O Processo" de Franz Kafka. Welles considerou este um dos seus mais gratificantes filmes realizados.
foto:Cena do Filme "O Processo" de 1962
Em 1965, atuou e dirigiu Falstaff, o Toque da Meia Noite.
foto: Cena do Filme "Falstaff, O Toque da Meia Noite", de 1965.
Em 1973, dirigiu "Verdades e Mentiras".
foto: Cena do Filme "Verdades e Mentiras" de 1973.
Em 1979 teve um pequeno papel no filme "The Secret Life of Nikola Tesla."
Orson Welles morreu de ataque cardíaco em sua casa em Hollywood, Califórnia em 10 de outubro de 1985, aos 70 anos, e, segundo a lenda, teria feito o seguinte comentário sobre sua profissão antes de morrer: "Esse é o maior trem elétrico que um menino já teve." Uma curiosidade: nesse mesmo dia também falecia o ator Yul Brynner.
Seu último trabalho foi dublando a voz do planeta Unicron no desenho animado de longa metragem de 1986 The Transformers: The Movie.
As cinzas de Orson Welles estão sepultadas , desde 1987, entre Sevilha e Málaga, na cidade de Ronda, na Espanha, em cumprimento ao testamento escrito e deixado pelo cineasta.
Veja um parte do incrível "É tudo Verdade" filme de Orson Welles, rodado no Brasil, em 1942 e jamais concluído, após morte do jangadeiro Jacaré e boicote do governo Vargas.
E o "Nem Tudo É Verdade" filme homenagem do genial cineasta brasileiro Rogério Sganzerla a Orson Welles, concluído em 1986.
foto: O Cineasta Rogério Sganzerla, ao lado de cartaz de divulgação de "O Bandido da Luz Vermelha", seu filme mais conhecido, lançado em 1968. Sganzerla era admirador confesso de Orson Welles e realizou 4 filmes homenagens ao autor de Cidadão Kane: Nem Tudo é Verdade(1986), A Linguagem de Orson Welles(1991), Tudo É Brasil(1998) e O Signo do Caos(2003)/auroradecinema.com.br
Assista a Baile Perfumado, filme realizado em 1996 pelos cineastas pernambucanos Lírio Ferreira e Paulo Caldas, também discípulos brasileiros de Orson Welles, com trama inspirada claramente em "É tudo Verdade". Baile Perfumado marca a retomada do cinema pernambucano, considerado em 2015, como um dos mais inventivos do Brasil.
fonte da biografia de Orson Welles:Wikipedia